A Região Demarcada do Dão foi a uma das primeiras regiões oficiais produtoras de vinhos de Portugal.
A Região Demarcada do Dão foi instituída em data desconhecida de 1908, situada no centro de Portugal, na província da Beira Alta. Foi a primeira região demarcada de vinhos não licorosos do país e a segunda região demarcada de vinhos do país. A região do Dão é conhecida como a Borgonha Portuguesa.
Castas
ODão apresenta uma grande diversidade de castas, entre as quais as tintas Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen e Tinta Roriz, e Encruzado, Bical, Cercial, Malvasia Fina e Verdelho nos brancos.
A Região Demarcada dos vinhos do Dão ocupa, quase totalmente, a metade sul da província da Beira Alta, estendendo-se por uma área de 3760 Km2, dos quais cerca de 5% são ocupados pela vinha, com uma área de 20 000 h.
A área da região com Denominação de Origem Dão, compreende dezasseis concelhos do distrito de Viseu, Guarda e Coimbra: Do distrito de Viseu: Concelhos de Sátão, Penalva do Castelo, Viseu (com excepção das freguesias de Bodiosa, Calde, Campo, Lordosa e Ribafeita), Mangualde, Nelas, Carregal do Sal, Tondela, Mortágua e Santa Comba Dão. Do distrito de Coimbra: Concelhos de Oliveira do Hospital, Tábua e Arganil. Do distrito da Guarda: Concelhos de Aguiar da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia e Seia. Muito se tem dito e escrito sobre a heterogeneidade vitícola do Dão e consequentemente, sobre a possibilidade de nele se diferenciarem sub-regiões com personalidade própria. Tradicionalmente a região está divida em três grandes zonas que dão origem a três tipos de vinho, embora de características análogas; Zona Central Norte:
De relevo acidentado é influenciado pelo rio Dão, e engloba parcialmente os concelhos de Viseu e Tondela e na totalidade os concelhos de Nelas, Carregal do Sal, Mangualde e Penalva do Castelo. Zona Central Sul: De topografia plana ou com relevo menos acentuado e uniforme, é dominado pelo rio Mondego, e engloba os concelhos de Gouveia e Seia. Zona Periférica: Dominada pelas serras da Estrela , do Açor, da Lousã, do Buçaco, do Caramulo, da Nave da Lapa.
OROGRAFIA E HIDROGRAFIA
O planalto da Beira, é circundado por um conjunto de grandes serras que o protegem das influências exteriores. Os limites físicos são a sudoeste, a Serra da Estrela e do Açor, a noroeste a do Caramulo, que a defendem dos agentes climáticos continentais e marítimos, a nordeste a Serra da Nave, a sul a da Lousã e a sudoeste a do Bussaco, que a protegem dos ventos húmidos vindos do Sul.
A individualidade da região do Dão deve-se em parte, à natureza e acidentado do seu relevo, que determinam marcadas variações microclimáticas, de grande importância para a cultura da vinha e grande significado para a qualidade dos vinhos. O interior da bordadura orográfica, apresenta características muito próprias, que o granito domina no solo acidentado, observando-se a existência de muitos vales, muitas vezes sinuosos e profundos por onde correm as águas pluviais vindas das montanhas. As altitudes médias do planalto Beirão vão decrescendo desde os 700 metros nos concelhos de Aguiar da Beira, Penalva do Castelo e Fornos de Algodres, até menos de 200 metros nos concelhos de Santa Comba Dão, Tábua, Arganil e Mortágua. Cerca de 70 a 75% da área do Dão situa-se entre as curvas de nível dos 400 e dos 700 metros.
A rede hidrográfica da região caracteriza-se por um traço rígido, indicando um ajustamento claro à estrutura do relevo. Os dois principais rios da região são o Dão e o Mondego, cujos cursos apresentam um grande paralelismo enquanto percorrem o maciço granítico. A rede de afluentes e subafluentes, asseguram o escoamento das águas da região. A rede hidrográfica da região, bem como os relevos que lhe deram origem geram uma diversidade de microclimas de grande significado vitícola.
Geologia
A maior parte da região pertence ao maciço ibérico, formado por rochas eruptivas e metamórficas, anteriores a era secundária. Os granitos aparecem em cerca de 70% da região e os xistos que pertencem ao complexo Xisto-Grauváquio (Paleozóico), ocupam cerca de 20 a 25% da superfície da região. Têm ainda alguma representação, as formações de xisto do complexo Cristalofílico (Paleozóico).
Solos e Fertilidade
Cerca de 90% das vinhas do Dão, encontram-se implantadas em terrenos graníticos geralmente da fraca fertilidade, estando a restante em manchas xistosas. O granito porfiróide, também chamado dente de cavalo, é constituído por quartzo leitoso (grandes cristais de felspato rosado ou cinzento e mica geralmente negra) constituindo o substrato dos solos onde estão implantadas cerca de 97% das vinhas da região. A fertilidade química destes solos é muito baixa, mas não cremos que seja este o factor limitativo do vinho, salvo em condições de extrema pobreza em nutrientes ou de desequilíbrios acentuados e de difícil correcção através do recurso a fertilizantes químicos e/ou orgânicos. A influência dos factores, como o clima e solo, na maior ou menor qualidade das massas vínicas, deverá ser atribuída sobretudo à hidrografia dos solos. A agricultura praticada na região, baseia-se pois em sistemas policulturais, que se associam a uma estrutura minifundiária acentuada.
Clima
A região do Dão não apresenta grandes diferenças climáticas, dada a sua pequena dimensão geográfica. O seu clima é temperado, com Verões quentes e secos e Invernos pluviosos e moderadamente frios. As temperaturas médias mensais oscilam entre os 18 e os 20ºC nos meses de Julho e Agosto, e as temperaturas máximas na ordem dos 28 e 30ºC respectivamente. As temperaturas mínimas atingem o seu valor mais baixo nos meses de Dezembro e Janeiro, com médias à volta de 2ºC na região de Viseu e de 3 a 4ºC no resto da região. A pluviosidade é reduzida nos meses de Verão, não chegando a atingir os 20 litros por m2 em média nos meses de Julho e Agosto, e máxima nos meses de Dezembro, Janeiro a Março, com valores médios na ordem dos 1000 por m2. A ocorrência de geadas nos meses de Março, Abril e Maio, pode causar danos consideráveis no desenvolvimento da videira, influenciando o rendimento da cultura no ano seguinte. Porém dadas as características orográficas da região, cercada por serras, é de esperar um grande variedade de microclima. A esta fonte de variação climatérica devemos juntar a relativa exposição e inclinação da encostas cultivadas com vinha que, em igualdade de outros factores, poderão induzir diferenças na tipicidade dos vinhos e constituírem diferentes “terroirs”, para utilizar uma expressão francesa que procura integrar os factores que de algum modo podem contribuir para a tipicidade de um vinho.
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